Horta escolar como ferramenta pedagógica sistêmica de alta eficiência: vertentes para a Sociedade Sustentável


    Se você tem mais de 30 anos, provavelmente recordará de ter semeado um feijão no algodão, durante o jardim de infância. Muitos especialistas se perguntam sobre a eficiência pedagógica dessa atividade utilizada nas escolas brasileiras. Para efeitos de comparação, em muitas escolas chinesas, por exemplo, cada estudante recebe um canteiro na horta da escola para cultivar hortaliças regionais da época (Imagem 1). As crianças ficam responsáveis pelo pedaço de terra e certificam-se, diariamente, que as hortaliças crescerão saudáveis até a colheita (Imagem 2). Após a colheita, parte realizada pelas crianças (Imagem 3), os alimentos são degustados e parte da produção é levada para casa, vendido no bairro ou doada para instituições de caridade. Além disso, todas as disciplinas dentro da sala de aula são correlacionadas com as hortas (Imagem 4). Em uma visão holística, fica evidente que os resultados cognitivos, socioambientais, educacionais, além de diversos outros pontos positivos, podem ser atingidos de forma eficiente por meio dessa ponte, chamada horta escolar (1).


Imagem 1. Hortaliças cultivadas pelos estudantes no canteiro da horta escolar, China (Fonte: https://ch.kidschool.org.tw/chenxing?aid=401&page_name=detail&iid=144).


Imagem 2. Estudantes cuidando da horta escolar, China 

(Fonte: https://zhuanlan.zhihu.com/p/58947245).


Imagem 3. Estudante colhendo “pak-choi”, hortaliça conhecida como couve-chinesa ou acelga-chinesa, China (Fonte: http://www.hsjy.net/jyxw/qydt/content_46875).



Imagem 4. Turma do ensino fundamental em sala de aula aprendendo sobre as plantas cultivadas na horta escolar, China.


Quando arrancam as hortaliças do solo, os professores ouvem expressões de surpresa das crianças: -Nossa! Eu tirei o rabanete!; -Professor, tirei a alface... (http://www.hsjy.net/jyxw/qydt/content_46875, Xangai, China, 2019)

 

    O projeto de horta escolar pode ser considerado um dispositivo desencadeador de atividades didático-pedagógicas integradas, pois promove diversas interrelações altamente eficientes entre os estudantes, a natureza e o aprendizado. No Brasil, a cultura de hortas para fins pedagógicos em escolas é incipiente. Isso demonstra que ainda estamos engatinhando nesse tema. Segundo o PISA (2018), dois terços dos brasileiros de 15 anos sabem menos que o básico de matemática; em leitura e ciências, pelo menos metade dos estudantes também apresentaram níveis de proficiência abaixo do que é considerado básico pela OCDE; o Brasil caiu no ranking mundial de educação em matemática e ciências. As disciplinas curriculares ensinadas, em geral, são oferecidas de forma absolutamente independente, levando os estudantes a não perceberem as conexões envolvidas entre os diferentes conteúdos e o cotidiano, contribuindo para o desinteresse pelos estudos. Considerando a infância o momento mais adequado para ensinar conceitos básicos sobre alimentação, economia, ecologia e sociedade, as atividades interdisciplinares, multidisciplinares e transdisciplinares relacionadas com as hortas escolares podem ser consideradas significativamente eficientes no desenvolvimento cognitivo, intelectual e na formação da personalidade dos estudantes de todas as idades. Dessa forma, da teoria à prática e da terra à mesa, os estudantes têm a oportunidade de aprender valores bastante apreciados em uma sociedade consciente, harmônica, responsável, solidária e próspera (1).

    As hortas escolares são altamente versáteis, desde que planejadas por um profissional capacitado. Nelas podem ser cultivadas desde ervas medicinais e temperos até frutíferas de pequeno porte, tanto em hortas suspensas como diretamente em canteiros no chão. Além disso, as hortas escolares podem ser dimensionadas para diversas funções educativas, podem incentivar a criatividade dos estudantes, propiciar o desenvolvimento psicomotor, bem como promover inclusão social (Imagem 5) (1).


Imagem 5. Crianças tendo aula prática in loco sobre cultivo de hortaliças, com destaque para a horta suspensa, própria para a altura das crianças, sem excluir as crianças com restrições de movimento (Fonte: Projeto Deu horta na telha, SP-Brasil. Créditos para o Agrônomo Marcos Victorino).


    Vale destacar que esse tipo de horta também tem espaço para as crianças e adultos portadores de necessidades especiais, pois vivenciam novas experiências após o contato rotineiro com as hortas, ampliam suas possibilidades e ultrapassam barreiras que as limitavam, gerando satisfação, autoconfiança e significativa melhora do humor. Esses fatores são benéficos para uma sociedade com profundos valores educacionais, pois cria-se um ambiente de ensino-aprendizagem cooperativo, empático e inclusivo (Imagem 6).


Imagem 6. Horta suspensa para promover educação especial para adultos (Fonte: Programas Lavoura e Nosso Quintal, PR-Brasil).  


    Além dos diversos benefícios para a sociedade, existe também um fator de suma importância, o resgate das tradições de cultivar o próprio alimento, ou resgate do vínculo do alimento com a natureza, que foi se perdendo conforme os centros urbanos foram desenvolvendo-se. O conceito de alimentação é constantemente moldado em decorrência das mu­danças sociais, econômicas e culturais da sociedade contemporânea, processo chamado de desenraiza­mento geográfico. O ato de plantar o próprio alimento traz consigo diversos subfatores benéficos, tais como: gerar sensação de autoconfiança; valorização da terra, da natureza e do alimento (respeito socioambiental); hortaliças em abundância e isentas de agroquímicos sintéticos e metais pesados (segurança alimentar e alimento seguro); mudança de hábito alimentar (educação alimentar e nutricional); diminuição dos gastos com alimentos ultra processados (fator econômico) entre outros subfatores que podem gerar sustentabilidade social. Para fins de esclarecimento, segundo a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento: “Sustentabilidade é aquela que satisfaz as necessidades atuais das pessoas sem comprometer a capacidade das futuras gerações para satisfazer as suas”.

    O projeto de hortas escolares pode fazer grande diferença no crescimento e no desenvolvimento de uma geração, de uma sociedade, de um país e por que não do mundo?! Existem vários trabalhos renomados que demonstram cientificamente a influência das hortas escolares na mudança de rumo de sociedades mundiais (2, 3, 4, 5, 6, 7). Além disso, alguns trabalhos demonstram que as hortas foram eficientemente utilizadas para amenizar diversos sintomas mentais causados pelas políticas de isolamento da COVID-19 (8, 9).

 

A escola que tem horta permite estabelecer uma relação diferente com os alimentos, por meio do des­pertar da curiosidade para sua produção, por meio do conhecimento da cadeia alimentar e a “origem” dos alimentos (10)

 

    No contexto pedagógico, as hortas são versáteis e podem ser abordadas em todas as disciplinas do currículo estudantil, para todos os graus de escolaridade, dentro e fora da sala de aula, desde ciências até matemática. Por exemplo, na aula de ciências, dependendo da faixa etária dos estudantes, pode ser demonstrado e discutido o ciclo da reciclagem de materiais orgânicos (ciclo da compostagem e reciclagem de materiais orgânicos para atingir a sustentabilidade local – adubo orgânico); em exatas, podem fazer operações matemáticas usando sementes e as hortaliças (número de sementes por canteiro; fazer uma simulação de feira-livre: trabalhar com finanças pela compra e venda das hortaliças produzidas nas hortas usando moeda fictícia); em aulas de geografia pode ser discutido sobre a influência do clima e do solo na produção das hortaliças (fatores básicos da interação solo-ambiente-planta). Por fim, as crianças produzem as hortaliças com satisfação, colhem as plantas através do conhecimento adquirido, participam do processo de higienização das plantas e consomem com seus familiares um alimento isento de agroquímicos sintéticos, de baixo custo, rico em nutrientes e o mais importante, alimentos que elas mesmas produziram (Imagens 7 e 8).


Imagem 7. Estudantes fazendo a colheita na horta suspensa (Fonte: Projeto Deu horta na telha, Brasil. Créditos para o Agrônomo Marcos Victorino).


Imagem 8. Estudantes efetuando a higienização das hortaliças colhidas na horta escolar (Fonte: Projeto Deu horta na telha, Brasil. Créditos para o Agrônomo Marcos Victorino).


    Há, ainda, a possibilidade de reciclagem de resíduos orgânicos das hortas e da cozinha, que pela aplicação de técnicas agronômicas (composteira) se torne adubo para as hortas, o que reduz um problema prático das escolas (Imagem 9).


Imagem 9. Processo de compostagem que pode ser adaptado ao projeto de hortas escolares (Fonte: Instituto Federal, Rondônia).


    Mas o ciclo não acaba por aí, essas crianças, agora conhecedoras da origem dos alimentos e de como produzi-los, levarão essa vivência para fora da escola, tornando as raízes do conhecimento cada vez mais extensas. Uma dica para as escolas é organizar um evento semestral no dia da colheita com a presença dos familiares dos estudantes, objetivando incentivar o contato direto da família com as hortas escolares, na tentativa de suprir uma demanda estagnada na cultura do brasileiro. Além disso, a escola pode ministrar aulas de culinária para oferecer um alimento saboroso, evitando assim, certos traumas de palatabilidade quando degustados na sua forma in natura.

    Neste sentido, a empresa Aromatizando Jardins entra com um papel fundamental para o sucesso do projeto de hortas escolares, sempre baseada em técnicas elucidadas cientificamente e vasta experiência profissional adquirida durante décadas de estudos no Brasil e também no exterior (EUA e China). O nosso projeto de hortas escolares é 100% eco friendly, baixa manutenção e grande diversidade de hortaliças minuciosamente escolhidas para cada propósito. A empresa Aromatizando Jardins participa desde a concepção do projeto, junto com as escolas, seguido do planejamento e acompanhamento da instalação das hortas e de elementos coadjuvantes, bem como na promoção de curso teórico-prático de capacitação técnica para o corpo docente e demais funcionários da instituição de ensino.


... houve aumento na preferência por hortaliças e percepção das crianças de que os alimentos da horta tinham um gosto melhor do que os comprados no mercado (10)

 

    A implementação do nosso projeto de Hortas Escolares se justifica como uma estratégia complementar de alta eficiência. Portanto, o trabalho pedagógico que as hortas podem oferecer é uma oportunidade única, alicerçada cientificamente e utilizada em muitos países para despertar consciência ambiental, sensibilidade social, responsabilidade financeira, valorização cultural e cuidados com a saúde física e mental da comunidade escolar. A identificação dessa demanda oculta/subutilizada na sociedade e a ideia de que um bom projeto de horta escolar pode influenciar na educação socioambiental, financeira, alimentar e na saúde das pessoas e das futuras gerações, são razões pelas quais a empresa Aromatizando Jardins se debruça diariamente. Portanto, a empresa se propõe em participar intelectualmente do projeto e entregar hortas de alta qualidade, com propósito definido e que respeita as vontades da instituição de ensino, sempre alicerçada em bases sólidas de conhecimento, muita dedicação e vasta experiência profissional.

 

Essas questões são consonantes com o papel da escola, ou no resgate do papel da escola como pro­dutora de conhecimento, no desenvolvimento de capacidades e habilidades, que valorizam também a dimensão ambiental (10)

 

Por fim, pedimos encarecidamente aos diretores e coordenadores das escolas, dos centros de desenvolvimento infantil, bem como professores, pedagogos e demais profissionais das áreas da educação, que entrem em contato conosco para trabalharmos juntos com essa promissora ferramenta educacional. Estamos à disposição para agendarmos uma reunião e darmos prosseguimento ao projeto!

 

Solicite uma visita/reunião. Anteprojeto GRATUITO  e orçamento sem compromisso!

 

Conheça o site oficial da empresa e saiba mais sobre os nossos serviços e projetos: www.aromatizandojardins.com.br ou pelo Whatsapp: 11-942960369.


Escrito por Dr. Daniel Garcia (Gestor da Aromatizando Jardins)

Engenheiro agrônomo de formação, possui mestrado e doutorado em horticultura pela UNESP. Profissional multidisciplinar, possui como área de concentração a horticultura, com ênfase em sistema de cultivo orgânico, de bases agroecológicas. Fez especialização em plantas medicinais, aromáticas e condimentares, e visitou rooftop gardens nos Estados Unidos da América (New Jersey University). Posteriormente, fez especialização sobre óleos essenciais na China (Shanghai Jiao Tong University). Aprofundou-se sobre hortas urbanas e jardins terapêuticos, durante seu pós- doutorado de 3 anos na China (Shanghai Jiao Tong University). Possui diversos trabalhos científicos publicados em revistas internacionais de alto impacto. Participa de projetos socioambientais e trabalhos voluntários. Gestor da Aromatizando Jardins, dedica-se na mentoria de hortas urbanas (hortas escolares, hortas corporativas, fazendas urbanas), na elaboração de projetos socioambientais, no planejamento de jardins terapêuticos e no treinamento de pessoas sobre gestão, manejo e conexão das hortas com a rotina de vida.

 

*Com o intuito de levar informações idôneas para o público alvo, todos os conceitos abordados neste texto foram alicerçados por artigos científicos ou artigos publicados por profissionais capacitados.

 

Referências

1. FAO: Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação, (2017).

2. Alexander, G. K. (2020). Supporting food literacy among children and adolescents: Undergraduate students apply public health nursing principles in clinical practice. Journal of Professional Nursing, 36, 616- 624. https://doi.org/10.1016/j.profnurs.2020.08.018

3. Burt, K. G., Koch, P., Contento, I. (2017). Implementing and sustaining school gardens by integrating the curriculum. Health Behavior and Policy Review, 4, 427-435. https://doi.org/10.14485/HBPR.4.5.2

4. Collective School Garden Network (2015). Edible gardening and harvesting. Western Growers Foundation. http://www.csgn.org/edible-gardening-and-harvesting

5. Ray, R., Fisher, D. R., Fisher-Maltese, C. (2016). School gardens in the city: Does environmental equity help close the achievement gap? Du Bois Review: Social Science Research on Race, 13, 379-395. https://doi.org/10.1017/S1742058X16000229

6. Rios, J. M., Brewer, J. (2014). Outdoor education and science achievement. Applied Environmental Education & Communication, 13, 234-240. https://doi.org/10.1080/1533015X.2015.975084

7. Hoover A, Vandyousefi S, Martin B, Nikah K, Cooper MH, Muller A, Marty E, Duswalt-Epstein M, Burgermaster M, Waugh L, Linkenhoker B, Davis JN. (2021). Barriers, Strategies, and Resources to Thriving School Gardens. J Nutr Educ Behav, 591-601.https://doi.org/10.1016/j.jneb.2021.02.011  

8. Rethink Outside. (2020). Growing healthy communities in school gardens during COVID-19. 

https://rethinkoutside.org/growing-healthy-communities-in-school-gardens-during-covid-19/

9. Xindi, Z., Yixin, Z., Jun, Z. (2021). Home Garden With Eco-Healing Functions Benefiting Mental Health and Biodiversity During and After the COVID-19 Pandemic: A Scoping Review. Frontiers in Public Health, 9.https://www.frontiersin.org/article/10.3389/fpubh.2021.740187

10. Coelho, D.E.P., Bógus, C.M. (2016). Vivências de plantar e comer: a horta escolar como prática educativa, sob a perspectiva dos educadores. Saúde Soc. São Paulo, 5,761-771.


Postagens mais visitadas