Plantas aromáticas no jardim: especialista dá dicas de cultivo e recomenda as 10 espécies mais adequadas

Plantas aromáticas pertencem a uma categoria muito restrita de espécies que possuem a capacidade natural de produzir essências, as quais geralmente são exaladas no ambiente. Muito utilizada para fins medicinais, farmacêuticos e gastronômicos, raramente essa categoria de plantas é lembrada em projetos de jardinagem e paisagismo no Brasil. As plantas aromáticas, de forma geral, possuem necessidades fisiológicas e edafoclimáticas que podem diferir drasticamente, em alguns casos, das necessidades vitais das plantas ornamentais tradicionalmente utilizadas em projetos de jardinagem e paisagismo. Por isso, para atingir o sucesso de um jardim de aromas, o profissional precisa ser multidisciplinar, ou seja, dominar assuntos técnicos que muitas vezes foge da sua área de atuação (1). Vale lembrar que o jardim de aromas poderá ser implantado junto com o jardim ornamental pré-existente no local, mas alguns detalhes técnicos deverão ser considerados para atingir o resultado esperado. Neste texto, serão elencados alguns desses detalhes e peculiaridades de um jardim de aromas e 10 plantas aromáticas mais comuns.

Primeiro, você deverá compreender as necessidades edafoclimáticas de cada planta aromática que pretende implantar no teu jardim. Vale lembrar que a maioria dessas plantas são provenientes de países europeus e, portanto, devem ser implantadas no local adequado do jardim. A época de implantação do jardim, a qual não é recomendada durante o inverno intenso/seco na cidade de São Paulo (meados de junho até meados de agosto), é um fator de suma importância dentro da área do conhecimento em plantas aromáticas. Em geral, as plantas aromáticas necessitam de um bom estabelecimento das raízes no solo para que tenham um crescimento e desenvolvimento adequado, e por isso, o inverno intenso/seco da cidade de São Paulo podem inviabilizar o processo de adaptação e estabelecimento dessas plantas em ambiente de jardim. A maior parte dessas plantas, salvo algumas exceções, preferem temperaturas entre 21 e 28°C, outro fator que justifica evitar o transplante das mudas durante o inverno. Outra questão de importância vital para as plantas a ser abordada aqui é em relação ao solo. Podemos afirmar com segurança que as plantas aromáticas respondem quantitativamente mais, em termos de princípios ativos, quando cultivadas em solos adequadamente férteis, profundos e permeáveis. Existem algumas exceções quando consideramos os níveis de estresse da planta as quais respondem qualitativamente, em termos de princípios ativos, mas para jardinagem, certamente oferecer condições adequadas para ela crescer e se desenvolver adequadamente é a técnica mais assertiva. Essas condições térmicas, edáficas e nutricionais podem ser atingidas com algumas técnicas agroecológicas implementadas pelo profissional capacitado (3). Portanto, para que haja sucesso na implantação do jardim de aromas, respeitar as necessidades edafoclimáticas e nutricionais das plantas é essencial.

Em seguida, deverão ser consideradas as necessidades hídricas e fotoperiódicas das plantas aromáticas selecionadas para o jardim de aromas (4). Algumas plantas aromáticas necessitam de alta frequência/volume de irrigação e pelo menos 6 horas de luz solar diária para completarem seus ciclos metabólicos e, assim, produzirem níveis adequados de aromas. Já outras necessitam de menor frequência/volume de irrigação e podem atingir bons níveis de produtividade de aromas com apenas 4 horas diárias de luz solar. Por isso, é importante atentar aos seguintes detalhes do local onde será implantado o jardim de aromas: observar se existem estruturas/edificações próximas que bloqueiem a luz solar; presença de plantas ornamentais altas, ou que ficarão altas com o tempo; índice pluviométrico da região; e frequência/intensidade de ventos. Além disso, algumas investigações científicas comprovaram que a alta incidência de ventos podem reduzir a produção e o acúmulo de óleo essencial em plantas aromáticas (5). Algumas plantas ornamentais, principalmente àquelas com as raízes já estabelecidas no solo, podem fazer sombra nas plantas aromáticas na medida em que crescem. Elas também podem consumir muito mais água do que as plantas aromáticas, o que pode ser uma concorrência injusta por necessidades vitais. O profissional deverá atentar-se a esses detalhes antes de projetar o jardim de aromas. Então, é de suma importância colocar a planta certa no lugar certo.

O terceiro e último fator a ser observado é referente ao processo de manutenção, que pode ser feito por uma empresa especializada em jardim de aromas. Muito erros e equívocos podem ser observados nesse processo de manutenção de plantas aromáticas, fator que pode colocar em risco o crescimento e desenvolvimento saldável das plantas. Segue aqui algumas dicas no processo de manutenção em jardins de aromas:

-jamais molhar a parte aérea das plantas durante a irrigação;

-não enxarcar o solo;

-irrigar somente em dias (épocas) secos(as);

-coletar/podar no máximo 40-50% da parte aérea;

-é recomendável usar adubos orgânicos ao invés de fertilizantes convencionais (ex. composto orgânico ao invés de N-P-K);

-nunca exagerar na adubação;

-aplicar calcário com técnica e parcimônia;

-retirar as plantas/partes doentes ou consumidas por pragas;

-aplicar técnicas de manejo integrado de pragas e nunca usar defensivos agrícolas sintéticos;

-proteger as plantas com uma cerca caso possua PETS em casa;

-sempre respeitar a técnica e a época adequada de poda para cada tipo de planta.

 

Portanto, opte sempre pela diversidade vegetal, sol pleno, adubação e irrigação adequadas, além de manter o solo saudável e a manutenção especializada para aproveitar por muitos anos o máximo que um jardim de aromas pode oferecer. Recomendamos fortemente que um profissional capacitado em plantas aromáticas para fins de jardinagem e paisagismo seja consultado antes da instalação e manutenção do jardim de aromas. Entre em contato conosco para mais informações (www.aromatizandojardins.com.br).

Veja a seguir dez plantas fáceis de serem manejadas em jardim de aromas:

 


Escrito por Dr. Daniel Garcia (Gestor da Aromatizando Jardins)

Dr. Daniel Garcia: engenheiro agrônomo de formação, possui Mestrado e Doutorado em Horticultura pela UNESP (Faculdade de Ciências Agronômicas de Botucatu, considerada uma das 100 melhores universidades do BRICS e a 2ª melhor Universidade de agronomia do Brasil). Profissional multidisciplinar, possui como área de concentração a horticultura (hortas em geral), com ênfase em cultivo orgânico de plantas medicinais, aromáticas e condimentares do Brasil. Fez especialização internacional (via intercâmbio) em plantas medicinais, aromáticas e condimentares, e visitou “rooftop gardens” nos Estados Unidos da América (New Jersey University e New York, 2013) durante seu Mestrado, e sobre óleos essenciais na China (Shanghai Jiao Tong University, 2016) durante seu Doutorado. Recentemente, aprofundou-se sobre jardins multifuncionais, hortas escolares e óleos essenciais durante seu pós-doutorado de 3 anos na China (Shanghai Jiao Tong University, School of Agriculture and Biology, 2018-2021; considerada a 46ª Universidade no ranking das melhores do mundo – QS ed. 2023).

 

Gostou do texto? Visite o site oficial da empresa Aromatizando Jardins e saiba mais sobre os nossos serviços: www.aromatizandojardins.com.br

*Com o intuito de levar informações idôneas para o público alvo, todos os conceitos abordados neste texto foram alicerçados por artigos científicos ou artigos publicados por profissionais capacitados.

 

Referências

1. EMBRAPA. Plantas aromáticas e condimentares: uso aplicado na horticultura. Brasília, DF, 152 p., 2013. https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/977687/plantas-aromaticas-e-condimentares-uso-aplicado-na-horticultura

2. Paulo, G.F.R. Plantas aromáticas e medicinais: cultivo e utilização. IAPAR, Londrina, 218 p., 2008. ISBN: 978-85-88184-23-7

3. Correa Jr., Scheffer, M.C., Ming, L.C. Cultivo agroecológico de plantas medicinais, aromáticas e condimentares. Ministério do Desenvolvimento Agrário, 76 p., 2006.

4. Furlan, M.R. Ervas e temperos: cultivo e comercialização. SEBRAE, 128 p., 1998.

5. Gobbo-Neto, L.; Lopes, N.P. Plantas medicinais: fatores de influência no conteúdo de metabólitos secundários. Química Nova, 30, 374-381, 2007. https://doi.org/10.1590/S0100-40422007000200026

Postagens mais visitadas